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quinta-feira, 19 de março de 2009

Hoje é dia do Pai


Ainda que não concorde muito em celebrar uma data só porque alguém, um dia, assim o ditou, creio que, se formos capazes de pôr de parte os intuitos capitalistas, podemos ver nestas datas um alerta para nos virarmos para a nossa família em vez de nos afastarmos dela, consumidos por preocupações, problemas e afazeres vãos.

Por isso, SIM, eu hoje celebrei esta data junto da minha família e do meu Pai que amo. Não lhe dei nada além de amor e não acho que ele tenha ficado desiludido... ;)

Deixo-vos aqui duas lendas curiosas.

Filho és, pai serás; como fizeres, assim acharás!

"Nos velhos tempos havia uma terra onde os filhos costumavam levar os pais velhos, que já não podiam trabalhar,para o cimo de um monte, onde ficavam sozinhos, para morrer à míngua. Certa vez ia um moço do lugar levando o velho pai às costas,para abandoná-lo.Chegando ao ponto em que ia deixar o ancião, colocou-o no chão e deu-lhe uma manta para que se abrigasse do frio até a hora da morte.
E o velho perguntou :
- Tens por acaso uma faca contigo?
- Tenho, sim senhor.Para que a quer?
-Para que cortes ao meio esta manta que me estás dando. Guarda a outra metade para ti, quando teu filho te trouxer para este lugar.
O moço ficou pensativo. Tomou o pai às costas e voltou com ele para casa, fazendo assim, com que o horrível costume desaparecesse para sempre."

Fábula de tradição portuguesa do livro Fábulas do Mundo Inteiro


"Uma senhora de idade avançada foi morar com o filho, a nora e a netinha de 4 anos. As mãos da velhinha estavam trémulas, sua visão embaçada e os passos, vacilantes.
A família comia reunida à mesa. Mas as mãos trémulas e a visão falha da senhora a atrapalhavam na hora de comer. A soja rolava de sua colher e caía no chão. Quando pegava a tigela, o missoshiru (sopa à base de pasta de soja) era derramado na toalha.
O filho e a nora irritaram-se com a bagunça:
- Precisamos tomar uma providência com respeito à mamãe”, disse o filho.
- Já tivemos suficiente sopa derramada, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão.
Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, a senhora comia sozinha, enquanto o resto da família fazia as refeições na sala, com satisfação. Desde que a velhinha quebrara uma ou duas tigelas de louça, sua comida era servida numa tigela de madeira.
Quando a família olhava para a velha senhora sentada ali sozinha, às vezes notava que ela tinha lágrimas nos olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ela deixava um palito ou comida cair ao chão. A menina de 4 anos assistia a tudo em silêncio.
Uma noite, antes do jantar, a mãe percebeu que a filha pequena estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ela perguntou delicadamente à criança: “O que estás a fazer?” A menina respondeu docemente:
- Oh, estou fazendo uma tigela para você comer, quando eu crescer.
E a garota sorriu e voltou ao trabalho."

Lenda chinesa.

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